Em estudo inédito, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia - CBO levantou as relações entre a pandemia de covid-19 e o aumento do número de casos de miopia infanto-juvenil no País. Especialistas declaram que o aumento da exposição às telas dos aparelhos eletrônicos coloca em risco a saúde ocular das crianças.
Durante o período de emergência epidemiológica, a sociedade precisou se adaptar à novas formas de convivência. Crianças e jovens de todo o País aumentaram a parcela de tempo na utilização de telas eletrônicas, uma vez que essas se fizeram necessárias para o andamento de atividades essenciais, como assistir aulas online. O novo cenário, somado a uma já conhecida realidade de uso excessivo de tecnologia, resultou em um aumento considerável de novos casos ou agravamento da miopia em crianças e adolescentes.
O CBO ouviu 295 especialistas, entre abril e junho deste ano, em uma pesquisa que levantou o impacto do coronavírus na saúde ocular das crianças. Para 98,6% dos médicos ouvidos, a exposição dos jovens aos smartphones, tablets e computadores deve ser reduzida. O uso excessivo desses dispositivos levou mais crianças ao quadro clínico, de acordo com 71,9% dos ouvidos no estudo. Também houve o agravamento do quadro clínico de quem já tinha o erro refrativo do globo ocular, é o que percebeu 71,9% dos médicos entrevistados.
A miopia é um erro de refração ocular bastante comum, mas o diagnóstico precoce pode retardar a progressão e controlar o transtorno. Pais e responsáveis devem estar constantemente atentos aos hábitos das crianças e adolescentes, já que sinais do problema podem ser identificados no dia-a-dia. Queda no rendimento escolar, apertar os olhos para ver objetos, dificuldade de leitura ou mesmo uma mudança de comportamento social, podem indicar a existência do distúrbio.
No entendimento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, além dos cuidados com a prevenção, o enfrentamento do crescente no número de casos de miopia infantil também depende de ações apoiadas pelo governo, a nível federal, estadual e municipal. E a interlocução entre os Ministérios da Saúde e Educação, a partir do desenvolvimento de estratégias que atinjam as crianças e os adolescentes em casa e na escola.
O assunto será um dos temas debatidos na 65ª edição do Congresso Brasileiro de Oftalmologia, nos próximos dias 21, 22 e 23 de outubro, no Centro de Convenções de Natal, com a participação de congressistas nacionais e internacionais.
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